É impressionante o quanto a leitura do Apocalipse ao invés de trazer esperança para as pessoas gera mais preocupação. Na virada do século XIX para o XX essa leitura do tipo apavorante cindiu igrejas, rachou denominações nos EUA e fez nascer seitas protestantes que mais tarde se alastrariam pelo mundo, isto sem falar naqueles casos de pessoas que vendiam tudo, ou davam tudo para esperar algum “arrebatamento” com dia e hora marcada.
Na primeira parte do século XX a leitura assustadora do Apocalipse continuaria, agora com mais força uma vez que agora o poder destrutivo de guerras no âmbito mundial pode ser sentido por todos. Na literatura americana o biblista SCOFIELD popularizaria o dispensacionalismo, de tal forma que ele se tornaria de forma arbitraria a única forma de ler o livro de apocalipse. Ninguém poderia aspirar ao episcopado sem a adesão irrestrita ao dispensacionalismo.
Os anos 60 e 70 veriam um novo impulso do terror produzido pela leitura do apocalipse, agora o anticristo e a besta estavam definitivamente identificada, elas eram associadas com a União Soviética, o comunismo e o recém nascente Mercado Comum Europeu. O que poucos sabiam é que essa leitura nada mais era do que um folhetinho político promovido pela ultra-direita-religiosa americana com o único objetivo de levar para os púlpitos a guerra fria já instalada não somente nos quartéis mas nas mesas de discussões.
No final dos anos 70 o neo-pentecostalismo parecia que contestaria a visão pavorosa do Apocalipse, isto por conta de uma proposta de milênio instalado na terra, tudo por conta da conquista do mundo, com seus postos de comando pelos evangélicos. Os críticos do neo-pentecostalismo ainda diriam que o que seria instalado mesmo era a “grande tribulação”
Mas viriam os anos 90, contagem regressiva para o terceiro milênio, a “era de aquários” como dizem os místicos alternativos, e nesta contagem regressiva o terror apocalíptico ganha força, mas rapidamente perde credibilidade isto por conta do fim do comunismo e da União Soviética, alem é claro dos vários escândalos dos televangelistas americanos, os mesmos que mais fomentavam o medo e o pavor em relação ao futuro.
Sem comunismo, sem URSS quem cumpriria o papel de anticristo? Em 2001 Bin Ladem deu uma “forcinha” para os “pesquisadores do apocalipse”, ao jogar dois aviões no WTC ele reacende a leitura apavorante do apocalipse. Ok, estava resolvido, o conflito entre ocidente cristão e oriente islâmico era o fato relatado por João na ilha de Patmos no ano 98 d.C.
Mas AlQaida arrefeceu, as ditaduras islâmicas começaram a cair, o medo antes facilmente instalado nas cabeças cristãs do ocidente não se afirmou como se esperava. O que fazer? Parece que nos últimos dias o que se tem visto é mais uma leitura do apocalipse do ponto de vista aterrador, agora se utilizando da “teoria da conspiração”, ou seja, os iluminatis, o mercado financeiro, as vacinas, a CIA, o FBI, a maçonaria, os partidos políticos, tudo, tudo mesmo esta conspirando para contralar a sua vida!!!
Ou seja, as pessoas ao lerem o apocalipse não se encontram com uma mensagem de boas novas, o chamado Evangelho, mas antes se encontram com o terror, assim sendo o Apocalipse passa a ser proibido para ler antes de dormir, caso contrario o leitor perde o sono.
Mas afinal o que o Apocalipse quer dizer? Bem não é fácil, contudo por séculos os leitores mais austeros tem lido neste livro que; o ETERNO reina sobre o universo, e que as forças do mal embora poderosas e pareçam levar vantagem são continuamente subjugadas por Cristo, que se solidariza com os seus discípulos que sofrem toda vez que o mal quer ser hegemônico.
Desta forma a mensagem consiste em crer em Deus e no bem, por mais improvável que no momento o bem possa vencer o mal
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