4 de jul. de 2011

Entre o mar da ilusão e o oceano do Espírito.

Muitos com o objetivo de navegarem pelo oceano da graça divina naufragaram inexoravelmente no mais mortal de todos os mares. O mar da ilusão.
As diferenças entre eles são gritantes, contudo tanto marinheiros de primeira viagem como os mais experientes navegadores facilmente se enganam e arriscam não somente as suas vidas, mas também de toda a tripulação que com eles andam.
Bem, mas quais são as diferenças? O que faz o mar da ilusão um lugar tão inóspito e o oceano do Espírito uma experiência tão significativa?

Vejamos, as diferenças começam nos portos, a saber, na origem desta expedição, quem busca o mar da ilusão sai do cais da existência com aspirações de conquistas, enquanto os que rumam em direção ao oceano do Espírito o fazem com caráter puramente contemplativo.

Mas não é somente isto, quando as naus aproximam-se de seus objetivos, os exploradores são atraídos por melodias diferentes, o oceano conduz os seus marinheiros com o doce som das ondas que embalam e orientam os seus expedicionários, já os conquistadores dos mares ilusionistas são atraídos pelos cantos das sereias que habitam nestas profundas águas. As diferenças entre o mar e o oceano, não consistem apenas no tamanho, no volume de água, e a profundidade, há mais diferenças, por exemplo, na fauna, os oceanos são habitados pelos mas lindos cardumes de mais variadas cores, já o mar apresenta seres  horripilantemente acinzentados que se escondem em abismos, longe da luz.

E o fim da viagem? Bem, via de regra o mar da ilusão toma para si os seus navegadores utilizando-se de sua traiçoeira  corrente, que os leva para o centro de um redemoinho. Tudo é muito rápido, o bom tempo, o tempo de promessas, o tempo de céu claro e azul, com horizonte claramente visível com ondas calmas e brisa tranqüila que permite uma viagem inesquecível de maneira rápida se transforma, se transforma em um mortal furacão de instabilidade e da mentira existencial, que açoitara a nau das expectativas, a mesma nau que se não afundar com esta violenta ventania de incoerências e contradições, poderá naufragar caso seja visitado pelos titãs dos escândalos, estes são eficientes no ataque, tendo em vista, que são capazes de levar as suas vitimas para as profundezas da decepção e desconfiança.

Por último vem o tsunami da revolta pelas promessas de facilidade, de prosperidade, ou tudo mais que antes fora cantada pelas sereias, as sacerdotisas da deusa Ilusão. A perda nesses mares costuma ser irreparável e mortal, e os mais experientes capitães já foram alvejados, se não pelas intérpretes, pelos piratas da estupidez ou os corsários da manipulação.
Contudo há outra expedição que há muitos interessa, aquela que é conduzida ao mais profundo oceano dos karismas, disponíveis pelo Altíssimo, um lugar em que não falta vida, as redes são cheias e o cansaço da pesca é irrelevante se considerarmos a satisfação da experiência, e os ventos são sempre favoráveis.

Por mais estranho que parece o oceano não fica tão longe quanto pareça, isto porque o oceano do Espírito é acessível tão logo as janelas do coração estejam abertas para a brisa que leva todo aquele que  ouse sair da terra firme da materialidade para a navegação da fé. É importante que se diga que o melhor desta viagem pode ser feito sem estruturadas naus, sem luxuosos barcos, a melhor viagem que se pode fazer acontece quando o “pneunomo-nauta”, pois é assim que se chama a todos os que navegam no Espírito, põem seus pés na água, e não esperam para caminhar neles, uma vez que o que interessa mesmo é a experiência imercionista, o melhor da viagem não está na superfície mas, no mais profundo do mar.

A viagem consiste em permitir que o fluido da graça invada cada um dos poros a tal ponto que em pouco tempo a própria natureza do navegador-mergulhador será alterada, ele se tornará um anfíbio existencial, tendo em vista que é capaz de viver tanto em cima como em baixo das águas. Assim sendo o Oceano do Espírito é mais do que um lugar, é uma epifania, um momento carregado de significado e cuja experiência nunca mais poderá ser ignorada.

Desta forma urge que todo o navegador que de fato queira viver incursões nas águas vivas da graça se apercebam de não tomarem o primeiro veleiro rumo a mar da ilusão. Isto por que quem se afogou no mar da ilusão não pode mergulhar no oceano do Espírito.  
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