6 de dez. de 2011

Religião e mercado. Há algo de errado?


Há duas evidências que devem ser levadas em conta. Uma é o tipo de oração que fazemos hoje. Cada vez mais oramos por motivos egoístas e consumistas e, não, por virtudes e vitória sobre a tentação.

Embora o problema venha desde os tempos apostólicos, todos estamos enxergando a generalização e o agravamento da questão. Pregadores de grandes auditórios e uma boa quantidade de livros estimulam essa prática, enquanto Tiago afirma categoricamente: “Quando [vocês] pedem, não recebem porque pedem mal, pedem coisas para usá-las para os seus próprios prazeres” (Tg 4.3, BLH).

A outra e assustadora evidência da paganização do cristianismo é a busca de “santuários poderosos”. Se num centro espírita consigo me comunicar com os mortos e se ali obtenho cura para minha enfermidade, nada me impede de trocar o catolicismo pelo espiritismo. Se em Aparecida consigo uma graça mui desejada e até hoje negada em outros lugares de peregrinação, daqui para frente irei sempre a Aparecida. 

Se numa igreja carismática, pentecostal ou neopentecostal me livro de meus pesares, por que não deixar a igreja tradicional? Se na Igreja Universal há mais milagres do que na Igreja Deus é Amor, por que não me transferir para lá? E se a Deus é Amor tornar-se mais poderosa que a Universal, o que me impede de voltar para a Igreja de Davi Miranda? 

A igreja que oferece mais será a minha igreja — argumentam muitos novos e alguns velhos cristãos hoje em dia. 

REVISTA ULTIMATO - Janeiro-Fevereiro 1999

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