Freud,
no capítulo V de O ego e o id, postula que o superego forma-se por duas
vertentes: A primeira, mais arcaica, pela identificação
com a pessoa que o cuida enquanto bebê, “quando o ego ainda era fraco”. A segunda, posterior, resulta do sepultamento
do Complexo de Édipo, e conduz à internalização da consciência moral e ao reconhecimento
da lei. Parece-me que a conversão religiosa, se profundamente vivida, modifica
os dois âmbitos do superego, e, por conseguinte, da relação com o outro
Na
primeira vertente, converter-se significa experimentar Deus como aquele que
cuida, que alimenta de palavras e comida (Bíblia e Santa
Ceia) banha (batismo) e tranqüiliza. Deus é percebido como instância materna e paterna,
cuidadora e terna.
Pfister
escreve numa carta a Freud que neste momento há uma “regressão para aquela fase
infantil, na qual a criança ainda não é tratada segundo
a medida do bem ou do mal, mas simplesmente é servida com amor e bondade” (...)
Há muitos depoimentos de conversões religiosas de criminosos, de infratores, de
pessoas desnorteadas que, através da experiência religiosa transformaram
profundamente sua vida de ódio e se tornaram amorosos na sua relação consigo e
com os outros.
WONDRACEK Karin. Inclusão Social e Espiritualidade: Uma
transformação possível? 2002
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