Os grandes investimentos na imagem, a
construção de obras inauguráveis, a obsessão em se manter no poder, o resgate
da liturgia do cargo e a tentativa de abafar este ou aquele escândalo parecem
ser água da mesma vertente a nunca matar a sede de poder. Ademais, a construção
e a manutenção de currais eleitorais, a teimosia em manter a indústria da seca,
o exercício do nepotismo e uma contínua prática política clientelista parecem
dizer que somos farinha do mesmo saco. O poder é usado para nos promover e servir,
custe o que custar.
Essa prática não é nova nem restrita. Ela invadiu o círculo dos próprios discípulos, como deixa claro aquela história da mãe de Tiago, que intercedeu pelo posicionamento estratégico dos seus filhos. E, como se isso não bastasse, os outros discípulos nem disfarçam e manifestam claramente o seu descontentamento: “Ora, ouvindo isto os dez, indignaram-se contra os dois irmãos” (Mt 20.24). Mas por que eles se indignaram? Talvez eu diria: “Como é que eu cheguei atrasado nessa?”
Em que medida os modelos que desenvolvemos e as práticas que desencadeamos são diferentes? Será que a cultura administrativa das nossas igrejas é diferente? Será que a prática do poder de muitos de nós, pastores, é muito diferente? Será que os critérios que determinam os mecanismos decisórios dos nossos presbitérios não usam o mesmo perfume da mãe de Tiago?
Mas e
JESUS, qual o modelo DELE?
“Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão,
compadeceu-se dela e curou os seus enfermos” (Mt 14.14). Os olhos de Jesus
enxergam o pequeno, o fraco e o excluído. Eles enxergam o perdido e os seus
braços o alcançam. Os longos braços de Jesus abraçam o inalcançável e tocam o
enfermo. Recolhem o solitário e recebem o excluído. Há um toque de salvação.Ver, compadecer-se e agir foi um trinômio exercitado por Jesus no decorrer do seu ministério, um trinômio que quer invadir a igreja e ser praticado pela sociedade.
Valdir Steuernaguel – Revista Ultimato – edição
266 – setembro de 2000
Nenhum comentário:
Postar um comentário