Semanas atrás recebi um email de alguém frustrado com seus relacionamentos bem como as atividades na Igreja que faz parte. Essa pessoa desconfiava que tinha sido usada para promoção de algum sistema religioso. A esta pessoa eu respondi da seguinte forma:
Bem irmã na vida agente faz escolhas, essas escolhas podem ser comparadas a apostas, melhor dizendo, elas são apostas. Agente investe o que tem em algo que acredita, agente investe tempo, dinheiro, talentos, atenção, e principalmente aquilo que vale mais do que tudo isso, agente investe o nosso coração. Bem. Como eu falei é uma aposta, cremos que vamos encontrar um retorno nisso tudo. Essa aposta pode ser feita de maneira consciente ou inconsciente, é melhor que seja consciente. E por que? Porque quando essa aposta é consciente somos capazes de mensurar se o que pretendemos colher ou ver acontecer valerá o que estamos colocando na “mesa da vida”. Quando a aposta é consciente agente repensa antes se os riscos de perder parte ou tudo do que esta sendo apostado valem a pena. Se o risco é baixo agente investe com certa segurança, se é alto, agente repensa se e poderá não fazê-lo ou pedir uma contrapartida maior. Por isso tem que ser consciente para que agente tenha a oportunidade de não participar, e se entrar e perder agente não sente tanto, uma vez que as perdas eram previstas, no mínimo agente não se sente vitima.
Bem isso vale para tudo, vale para vida afetiva e emocional, para vida profissional e para vida ministerial. Ai você pergunta: e a vida espiritual? Bem, essa agente não arrisca, afinal a nossa alma vale muito para ser apostada, ela deve ser confiada não mão de Deus, o lugar mais seguro do universo, contudo essa vida espiritual pode, e é diretamente influenciada pelas apostas que fizemos acima.
Mas vamos falar de igreja, que é o caso no momento, agente aposta, espera colher algo, por isso acorda cedo, gasta pouco e dorme tarde. Porque fazemos isso? Por que queremos colher ou ver a colheita. O problema irmã é que não conseguimos mensurar se vale a pena o que fazemos ou que vamos fazer, uma vez que sempre somos obrigados a ouvir aquela velha expressão piegas “é para Deus que fazemos”. Bem será isso verdade?
Olha essa expressão é muito bonita e parece piedosa, contudo ela não é inteiramente verdadeira. A verdade é que tudo o que fazemos é para a Gloria de Deus, mas não necessariamente para Deus, existe uma ligeira diferença em fazer algo para a Glória de Deus e fazer algo para Deus. O que é feito para Deus é entregue diretamente nas mãos dEle, o que é feito para a Glória de Deus passa pelas mãos de outros, alcança a outros, abençoa a outros, serve a outros, e promove a outros, em fim mira-se no irmão e ao acertar-se alegra-se o coração do Pai. Não podemos esquecer que fazer em nosso próprio favor também pode servir para Glória de Deus.
Ai você me pergunta; Quando é que entregamos algo na mão de Deus? Quando entregamos o nosso coração, quando entregamos nossa vida, quando entregamos nossa vontade, quando escolhemos o caminho estreito da santificação resolvemos não pecar, por exemplo.
Mas por que esse texto tão longo? É para dizer que talvez cada um de nós, e você no momento, tenham que fazer uma auditoria no coração e nas motivações. Isso vai ajudá-la a compreender o que está acontecendo com você e com o seu coração. Não promove cura instantânea, mas ajuda a mente a decifrar alguns sentimentos e pensar em que passos tomar no futuro.
Assim sendo fica mais fácil de aceitarmos algo que parece estranho aos nossos ouvidos, e esse algo é o seguinte:
Nos casamos, cantamos, amamos, nos dispomos, com o propósito não apenas de agradar a Deus, mas também a nós e aos que estão ao nosso lado. Quando no final desse processo nós somos esquecidos então acontece a tragédia, nos sentimos fraudados.
Mas como afinal de contas nós fizemos para Deus, não podemos nem mesmo reclamar, se reclamarmos então passamos a ficar em estado pior ainda, uma vez que passamos a ter dois problemas: 1) a frustração por não ter sido recompensados pela nossa dedicação, (o que é plenamente justo) 2) e o sentimento de culpa pela reclamação ou pela insatisfação, afinal nós “fizemos para Deus”.
Bem irmã isso tudo me parece uma armadilha que tem aprisionado as nossas vidas. O fato é o seguinte. Nós quando fazemos o que fazemos, inclusive na Igreja fazemos para abençoar os irmãos, para promover os fracos e humilhados, para abater os exaltados, promover quebrantamento nos orgulhosos, consolo junto aos cansados e desanimados e também, pasmem!! Para nos sentirmos aceitos e honrados por termos sido instrumento junto a nossa comunidade, logo necessitamos palavras ou atitude que afirmem a nossa valia e pertenciamento. Tudo isso quando alcançado promove a Glória de Deus.
E quando isso relatado acima não acontece? Nós nos sentimos mal e contrariados, e não adianta dizer que fizemos para Deus, não adianta dizer que era para Ele, isso não nós conforta tanto quanto as pessoas pensam. Só maquia uma ferida que ira nos acompanhar muito tempo alem de não promover o nosso bem estar.
Bem mas o que isso tem a ver com aposta? O que isso tem a ver com a sua vida? Minha cara! Eu escrevi tudo isso para dizer que você fez uma aposta, colocou na “mesa da vida” seu tempo, seu dinheiro, sua família, seu coração. Provavelmente fez isso de maneira inconsciente uma vez que colocou muita coisa e não considerou o risco que corria em não colher o que aspirava, a bênção integral do corpo, e o seu reconhecimento como pessoa e como ministro de Deus que é. Por isso você sente-se frustrada, é normal você é uma investidora que ganhou muito pouco na “bolsa dos relacionamentos”. (ganhou pouco para não dizer que perdeu). E é assim que deve se sentir e que deve se assumir. Você não tem razão e nem direito de se sentir e apresentar-se como vitima ou como uma pessoa que foi usada, isso só ira intensificar o seu desejo de isolamento e sua síndrome de Elias na caverna. Aconselho. Não se veja dessa forma, você não foi usada, você foi mal-informada. Você se informou mal, você apostou errado, não considerou os riscos, não colheu o que esperava, esta curtindo sua frustração, o que é direito seu, contudo não se veja como uma vitima, uma pessoa indefesa.
E por que eu falo isso? Por que vitimas e presas se escondem. Elas procuram casulos, cavernas, buracos, sombras e nesses lugares se escondem com o objetivo de se preservar. Acreditam que não dispõem de qualquer forma de auto-defesa. O que fazem? Ficam em casa, e deixam de relacionar-se ou de fazer o que antes faziam, na realidade estão na caverna esperando...
Bem! Esperando o que mesmo?
A morte.
Irmã você não é vitima, é alguém maior de idade, e perfeitamente capaz de fazer o que sempre fez até hoje, não perdeu nada que não possa recuperar, pelo contrario aprendeu com tudo isso o real significado das palavras de Cristo que dizem :
... o vosso falar seja sim, sim, não, não...
Você aprendeu a pensar em algo que os crentes tem dificuldades em conjecturar quando estão exercendo ministério. “A quem interessa essa tarefa ou esse empreendimento que estarei participando? Alem de Deus quem estará sendo beneficiado?”
E mais importante. Você poderá não somente pensar, mas verbalizar isso as pessoas, claro se acreditar nisso, e abandonar aquele pensamento piegas que diz “é para o SENHOR que fizemos”
Em suma você aprendeu que pode dizer:
“Não”
E o que vai legitimar o seu não?
Serão as suas motivações. Se elas forem legitimas, então o seu “não” será legitimo, se as suas motivações não forem legitimas o seu “não” não será legitimo.
E por que perguntar isso? Por que muitos de alma simples e espírito humilde te procurarão. E não é justo que esses pequeninos e inocentes discípulos de Jesus sejam punidos e privados da sua companhia e dons por causa da sua frustração, da sua aposta perdida. Isso por falta da auto-critica que deve sempre acompanhar a critica que fazemos aos outros.
Afinal auto-critica sem critica aos outros é embrião de culpa, e critica aos outros sem auto-critica é gerador de intolerância.
Bem querida fale com Deus, e peça a mão dele para sair da caverna, faça isso rápido, antes que a caverna vire um labirinto, pois se isso acontecer o processo se torna mais complicado e adoecido passível de ajuda profissional.
A carta tá longa. Tenho que acabar, teria muito a dizer, mas finalizo aqui, na espera que você não se prive de relacionamentos sustentados a luz dos Espírito Santo e pautados pelos Evangelhos.
Abração a você e a seu marido, a quem eu tenho certeza, é um instrumento de Deus na sua vida.
A Sandra minha esposa assina essa carta comigo.
Que o amor de Cristo, o único que ama sem interesse, seja contigo!!!!
PS: se você tem interesse em um aconselhamento, envie um email para saraiva1990dc@yahoo.com.br você será atendido, talvez o seu caso apareça nesse espaço, contudo seu nome, email, igreja ou lugar onde está não serão expostos nesse blog. É possível que o seu problema seja semelhante ao de muitos que estão por ai.
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